domingo, 28 de fevereiro de 2010

Deus e o Budismo

Respeitamos todos os que afirmam ser o Budismo ateu e/ou agnóstico e/ou cético, mas, hoje, temos outra interpretação. Vemos o Darma como uma religião revelada por Deus. Esta revelação aconteceu quando Sidarta atingiu ou alcançou a iluminação. Neste blog já tratamos desse tema. Vejamos outra fonte:

Está em Udana – La Palabra De Buda, de Carmen Dragonetti, editora Barral, 1972, Barcelona, 264 páginas.

A autora nasceu em 1937, em Buenos Aires. É formada em Filosofia na Universidade de San Marcos, Lima. Tem outros livros e vários artigos publicados autorizando-a como uma conceituada pesquisadora e tradutora do Darma.

No livro em questão ela traduziu diretamente do Cânon Páli e afirma que o termo “udana” pode ser lido como pronunciamento, declaração ou palavra. Ou seja, as palavras são atribuídas ao próprio Buddha.

Logo no início, página 40, encontramos a estrofe:

“Quando as coisas se revelam
Em sua verdadeira natureza
O sábio que medita com fervor
Desaparecem todas suas dúvidas
Já que descobre
Que tudo tem uma causa”.

Ora, se as palavras são consideradas do próprio Sidarta Gautama. E é um texto canônico, sagrado, vejam a última linha: “tudo tem uma causa”.

Se tudo tem uma causa, se tudo tem uma origem, então, este universo, este Cosmo tem uma causa, tem uma origem. Em linguagem ocidental, afirmamos que a causa, a origem do Universo é Deus.

Observe que o Mestre Gautama não disse “quase tudo tem uma causa”, mas sim “tudo”. Deduzimos, portanto que, Buda Primordial, Adhi-Buddha é o Deus Criador de todas as coisas.

Reverências a Ele ! Glória a Ele ! Senhor Buddha !

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Gratidão a Milarepa

Ontem a tarde, tivemos mais um maravilhoso encontro do Centro Sákya-RJ, no coração do Catete, ali no Largo do Machado, onde tem muitas árvores bodhi, na praça. Nossas atividades foram dedicadas à memória deste grande Santo e realizador do Caminho ensinado pelo Senhor Buda, pois em fevereiro comemoramos o seu aniversário natalício.

O asceta tibetano Milarepa é um dos grandes mestres do Darma e desde os 16 anos, em nossas primeiras leituras búdicas passamos a admirá-lo e reverenciá-lo.

Em português temos uma boa biografia, publicada em 1994 pela editora Pensamento, Milarepa, do antropólogo inglês W.Y. Evans-Wentz, 248 páginas e várias fotos.

Jetsun Kahbum Milarepa foi um grande poeta, escreveu 100 (cem) mil versos. Vivia em uma caverna, vestia-se com uma simples túnica branca.

Gosto muito de Milarepa, representa o homem comum. É um exemplo para todos nós que temos defeitos. Pela dedicação às Três Jóias, vamos superando e ultrapassando os obstáculos.

Obrigado sempre, Milarepa, pela sua preciosa vida !

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Caminho do Meio

O Caminho do Meio da Disciplina

Há muito tempo,
Viveu um discípulo de Buda Sakyamuni chamado Sona,
Filho de uma rica família de Anga,
Um reino conquistado por Magadha.*
Diziam que ele tinha pelo na sola dos pés,
Pois nunca precisava sair e andar.

Sona ingressou no sacerdócio sob a direção de Buda
E se dedicou a um treinamento árduo.
Vivia na solidão das montanhas,
Num lugar ermo em que se abandonavam os cadáveres.
Quando caminhava em meditação,
Ele arranhava e cortava os pés,
Deixando sangue na vereda percorrida.

No entanto, apesar de seu devotado esforço, dia e noite,
Não conseguia se livrar dos desejos mundanos
E chegar à iluminação.
Solna tinha saudade da vida secular
E seu espírito fraquejava.

Buda percebeu os sentimentos de Sona e
Ensinou-lhe a analogia do alaúde.
“Sona, você tocava alaúde em casa?”
“Sim, tocava”, respondeu Sona.

Buda explicou:
“Não se pode extrair um som bonito
De cordas muito esticadas ou muito soltas.
O mesmo vale para a disciplina espiritual.
Se você buscar com pressa e intensidade extrema,
Seu espírito ficará instável e inquieto.
Se for muito relaxado, seu espírito ficará preguiçoso.”

Foi assim que Buda pregou
O caminho do meio da disciplina espiritual.
Grave isto profundamente na mente.


(*) Um dos quatro principais reinos da Índia, no tempo de Buda Sakyamuni.

- poesia do mestre budista Ryuho Okawa, publicada na revista mensal Ciência da Felicidade, nº 166, março de 2009.

- Observem a beleza desse Darma contemporâneo. O patriarca Okawa, poeticamente, nos conta sobre um sutta clássico do canon Tipitaka páli.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Não sejas impaciente

Não sejas impaciente.
Assim como é limitado o número de passos
Que podes dar em um dia,
Limitada é a quantidade de comida
Que em um dia consegues comer.
A tua capacidade há de aumentar,
Mas não repentinamente.
O teu trabalho avançará,
Mas não de modo que tu possas ver.

Do mesmo modo,
O teu filho não será subitamente o melhor da classe
Nem desenvolverá, num instante,
A capacidade de um atleta profissional.

Do mesmo modo,
Mudar, de uma hora para outra,
A mente, o corpo ou a capacidade de uma pessoa
É uma exigência impossível.

A galinha não bota
Mais do que um ovo por dia.
Mesmo que tu, na tua impaciência,
Abras o ventre da galinha,
Não vais encontrar o ovo de amanhã.

Assim hoje
Também deves
Pôr um ovo da felicidade.
Sem te preocupares com o amanhã.

- poesia do mestre budista Ryuho Okawa. É um dos autores que, atualmente, mais publica livros no Japão.

- fonte: revista Ciência da Felicidade, nº 131, abril de 2006.

- recomendamos o blog do monge brasileiro Carlos Mello, que mora no Japão. É o responsável para os praticantes de língua portuguesa. Trabalha diretamente ligado ao patriarca Ryuho Okawa:

http://cienciadafelicidade.org

- Na tradição Ciência da Felicidade os monges, monjas, reverendos, reverendas, missionários e missionárias podem casar e constituir família.

- vestem-se com roupas comuns, a ocidental.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Delegue ao seu Subconsciente

Ao seu Subconsciente Delegue

Por mais que se preocupe
Há casos em que nada por ser feito,
Há momentos em que caminhos não se abrem,
Ao forçar o caminho,
Maiores serão os sofrimentos,
Uma vez que seus esforços, egoísticos se tornam.
E em chamas de tentação, a sua busca poderá se
transformar.

Quando insuportável for o seu sofrimento,
Por um instante pare de caminhar.
Afoga-se quem na água se debate
E flutua quem silenciosamente espera.

Ao se esgotar a sabedoria
Na Grande Força, confie.
À sua alma irmã do Mundo Real,
Peça orientação.
A solução dos problemas da sua vida,
Ao seu subconsciente delegue
Em nome do Grande Buda e dos Espíritos Guias.

- poesia do mestre budista Ryuho Okawa.
- fonte: revista Ciência da Felicidade, 163, dezembro de 2008, páginas 2 e 3.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Corrigir as Lembranças do Passado

O seu sofrimento
Provém sobretudo das lembranças do passado.
Olha para certos momentos do passado
Como se estivesse folheando um álbum de fotos amareladas.

Na verdade, são numerosíssimas as fotos
Na sua galeria de recordações.
Dentre tantos momentos de alegria
E de tristeza,
Escolhe algumas fotografias
E passa anos e décadas
Olhando para elas.

Ocorre que as suas lembranças do passado
Quase sempre contradizem a lei da causalidade.
Tenta provar que hoje é infeliz
Por causa dos erros que cometeu no passado
Ou porque alguém o magoou.
Mas, na verdade,
Está à procura de tristes fotografias do passado
Justamente porque agora é infeliz.

Declare hoje mesmo, neste instante, que é feliz.
Então só encontrará fotografias de momentos felizes
Na sua galeria de recordações.
As lembranças do passado podem ser corrigidas.


- poesia do mestre budista Ryuho Okawa. Todas as poesias que estamos publicando em nosso blog, fazem parte do livro Um Guia Para O Coração, ainda inédito em português.

- a revista mensal Ciência da Felicidade vem publicando em cada edição um poema, desta feita a fonte é a de nº 160, de setembro, 2008.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Buda Infinito

Tenham o coração que crê.
Resgatem a força original.
A infinita força está dentro de vocês.
Ela foi enviada por Buda.
Quando, através da fé,
Se tornarem unos com Buda,
Vocês serão invencíveis.
Serão capazes de esmagar todos os males.

Vejam bem !
Não pensem que haja limite no amor.
O limite está no amor do coração humano.
Não há limite no amor de Buda.
Infinito é o amor !
Ele os questionará
Quanto à verdadeira fé.

Vou repetir:
O amor é infinito.
Infinita é a força de Buda.
Quem confia na força infinita de Buda
Vive em meio ao infinito amor.

- poesia do mestre budista Ryuho Okawa.

- livro: Infinito É O Amor, publicado em 1996, páginas 35 e 36, Ciência da Felicidade – Brasil.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Cabalá

A presença da cantora Madona no carnaval carioca me fez lembrar que ela é praticante de Cabalá, que muitos falam e escrevem Cabala.

Há um livro excelente em português, publicado, em 2004, pela editora Sêfer sobre o tema, trata-se do Sêfer Ietsirá – O Livro Da Criação – Teoria E Prática, do Rabino Aryeh Kaplan, 384 páginas.

O autor foi um conceituado erudito na área, mundialmente reverenciado. Produziu mais de 50 livros. Nasceu em Nova York, 1935 e faleceu em 1983. Viveu pouco, mas o seu legado é imenso.

A Cabalá mágica é intimamente ligada a Cabalá da meditação, e se utiliza de vários sinais, encantamentos e nomes Divinos através dos quais é possível influenciar ou alterar eventos naturais.

O Sêfer Ietsirá traz a luz implicações teóricas, meditativas e mágicas. Nos ensina sobre a dinâmica e domínio espiritual, apresentando os mundos das Sefirot, das almas e dos anjos, ajuda no desenvolvimento de poderes cinéticos e telepáticos. A função destes poderes é ajudar os estudiosos da Cabalá a alcançarem feitos que envolvam alguma espécie de magia.

Observando a vida, a obra e a arte de Madona, mundialmente famosa e talentosa, verificamos que ela tem aplicado bem as lições que aprendeu.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Buda te salvará

Se tiveres um pingo de Fé...

Em tempos difíceis,
As pessoas sofrem,
Ficam desgastadas
E exaustas.
Quando falam,
Só lhes saem palavras negativas,
E elas perdem a coragem de acreditar no amanhã.

No entanto,
Eu devo dizer,
Se tiveres um pingo de fé,
Buda te pode salvar facilmente.

Primeiro acredita.
Depois relaxa.
Pensa que
Buda por certo resolverá o teu problema.
Tem uma mente luminosa e positiva,
Convencido de que Buda te salvará.
Sê grato pelo que já te foi dado.

Doravante,
Não te sobrecarregues.
Faze o que podes fazer
Lenta e constantemente.
Acredita que, com fé inabalável,
Nenhuma adversidade será obstáculo.

- poesia do mestre budista contemporâneo Ryuho Okawa.

- revista Ciência da Felicidade, nº 144, maio, 2007.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Calma e Serenidade

No Lensei (retiro espiritual) que participamos no mês de janeiro de 2010, no Seiti – Terra Sagrada da PL: Perfeita Liberdade, em Arujá, SP, um dos palestrantes foi o reverendo Kaor Tanida, com o tema acima.

Mestre Tanida tem 80 anos. É autor de um livro clássico no âmbito da PL, Você Ainda Pode E Deve Ser Feliz !, 302 páginas, várias ilustrações tipo cartum que tornam o texto muito agradável, visualmente, e edificante, incentivando-nos a prática.

Nos anos 1960, ele iniciou a edição de um boletim mimeografado que se chamava “Vida É Arte”, que é o primeiro preceito da PL. O boletim cresceu tanto, difundiu-se de tal forma que os peelistas e demais simpatizantes começaram a tirar fotocópias e depois os modernos meios de reprodução gráfica.

Inicialmente, 120 mil pessoas tinham acesso direto aos boletins que saíam periodicamente, e tratavam de reproduzir, espalhar entre muitos os ensinamentos.

A distribuição total de boletins chegou a casa de 1,6 milhão de exemplares. No formato de um caderno, 14 x 21 cm, geralmente os boletins tinham 4, 8 ou 12 páginas, mediante o assunto.

Os alunos e amigos reuniram os boletins originais e fizeram este maravilhoso livro. A primeira edição saiu em 2001.

Em tempo: todos estes boletins, suas cópias e esta rede de pessoas dedicadas faziam/fazem tudo de forma voluntária. Os boletins eram e ainda são até hoje, inteiramente grátis.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Próximo Salto

Por mais que sofra
Não choramingue
Na vida nem sempre a estrada é plana.
Para todos, subir a rampa é um sofrimento.
E, para todos, há momentos de suportar.

A mola que bem se estira
Bem se comprime.
Deve acumular energia
Antes de se expandir.

É triste
Ver as folhas caírem no outono,
Mas isso não é o fim.
Mesmo que pareça ter voltado a estaca zero,
Os brotos da próxima primavera
Estão em espera silenciosamente.
Uma vida invisível está em plena preparação.

Por isso,
Por mais que sofra,
Não choramingue.
Continue a acumular forças
Para a chance do próximo salto.


- poesia do mestre budista japonês Ryuho Okawa.

- revista Ciência da Felicidade, nº 158, julho/2008.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Buda está sempre contigo

Segue o teu próprio caminho

São muitas as encruzilhadas na vida.
Hás de tomar o caminho da direita,
O da esquerda
Ou seguirás adiante.

Por exemplo,
Fé ou família.
Trabalho ou doença.
A opinião dos velhos amigos
E o conselho dos companheiros do darma.
Os valores de teus pais
Ou a orientação dos mestres religiosos.
As metas da tua empresa
Ou a doutrina do Senhor.

Hás de estar dividido entre duas opções,
E, às vezes, passas dias e dias de agonia.
No entanto,
Buda confia em todos e em cada um de vós.
Ainda que, os que Nele crêem
Escolham caminhos diferentes,
Buda confia que todos voltarão a se unir um dia,
Na grande senda.

Não avances além dos limites razoáveis.
E não busques conflito com os demais.
Trata de
Tomar o caminho que julgas certo,
E de trilhá-lo com firme convicção.


Buda está sempre contigo.

- poesia do mestre Ryuho Okawa, patriarca da linhagem budista Ciência da Felicidade.

- revista Ciência da Felicidade, nº 147, agosto/2007.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ano Novo Divino

É assim que a corrente religiosa, nascida no Japão, Mahikari, chama o Ano Novo Lunar. No último dia 4 de fevereiro, quinta-feira, aconteceu no Sho Dojô (templo) do RJ, a bela cerimônia de Ano Novo Divino, às 19 horas.

Cerca de 50 pessoas estavam presentes. A solenidade tem início com a oração básica Amatsu Norigoto, recitada de forma uníssona pelos presentes. Depois é recitada a oração ao deus (espírito) Izunomê que está presente no altar, juntamente com o Deus Su, criador de todas as coisas (estes nomes vem do multimilenar Xintoísmo).

Seguindo o sagrado “Livro de Orações do Yokoshi”, ocorrem outros belos cânticos e preces. Por fim, a primeira parte da reunião é encerrada com o Hino da Mahikari que faz referência a Miroku, que vem a ser o Buda Maitreya, o Buda Futuro

A segunda parte é a palestra da presidente do Sho Dojô.

Portanto, Feliz Ano Divino a todos !

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Altar Externo da PL

No dia 31 de janeiro de 2010, domingo, às 7 horas de uma bela manhã, estávamos todos na área do Altar Externo do Seiti, que vem a ser a Terra Sagrada da PL – Perfeita Liberdade, no Brasil.

Estávamos ali, mil participantes, mas essa grande espaço abriga, imagino eu, umas 10 mil pessoas, pois outro dia vi uma foto no jornal mensal Perfeita Liberdade, mostrando uma cerimônia com 8 mil pessoas.

Neste citado dia 31, o Seiti estava abençoado, como sempre. Uma névoa cobria o local. Aos poucos ia se dissipando. A cantoria das aves, pássaros os mais diversos, no bosque em volta dava um toque especial às orações daquele Lensei (retiro espiritual).

Contemplando o local, refleti que a fauna e a flora da região devem ser muito felizes ali. Diariamente se fazem preces, cânticos, recitações inspiradas e o resultado é um clima benéfico de muita luz e harmonia.

E este é um dos ensinamentos da PL ao longo do Leisei: levarmos para as nossas casas, para as nossas atividades no dia a dia, durante o ano de 2010, aquelas ótimas vibrações de paz e bonança.

Reverências a todos os mestres, assistentes de mestres, seminaristas, missionários e demais voluntários que fazem do Seiti, realmente uma Terra Sagrada.

Reverências também ao Mestre Superior do Brasil, Yoshihiro Ogata e a Sua Eminência Oshieoyá-Samá, Patriarca da PL, no Japão.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Centenário de Chico Xavier

Chico Xavier 2010
(Centenário 12/04/1910 – 12/042010)

Partirei desta vida sem um níquel sequer...

Tudo que veio a mim, em matéria de dinheiro, simplesmente passou por minhas mãos.

Graças a Deus, a minha aposentadoria dá para os meus remédios... roupas... os amigos, quando acham que estou mal vestido, me doam... sapatos... eu custo a gastar um par... Em casa, a nossa comida é simples...

Não tenho conta bancária, talão de cheques, nenhuma propriedade em meu nome, a não ser esta casa que eu já passei em cartório para outros, tenho apenas o usufruto...

Nunca tive carros, nem mesmo uma carroça...

De modo que, neste sentido, nada vai me pesar na consciência. Fiz o que pude pelos meus familiares, se não fiz mais, é porque mais eu não podia fazer...

Nunca contei o dinheiro que trazia no bolso, mesmo aquele que alguns amigos generosos colocavam no meu paletó...


- Chico Xavier psicografou mais de 400 livros e doou os direitos autorais, de todos estes livros, muitos já publicados no exterior, para obras de caridade.

- fonte: Agenda Chico Xavier 2010, editora Eme.

www.editoraeme.com.br

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Losar - Ano Novo Tibetano

Ontem, o Grupo Sákya do RJ, comemorou de forma antecipada o Losar, Ano Novo Tibetano.

Tivemos uma agradável prática: recitação de mantras, preces, meditação silenciosa, leitura orante, reza de Tara e por fim nos foi ensinado pelo professor-fundador-orientador sobre a vida e a obra de Guru Rinpochê, o grande mestre Padma Sambhava. Mais adiante iremos estudar, com maiores detalhes, a sua abençoada existência através de uma novela que Rogel Samuel escreveu e já está no site, na íntegra.

É interessante que, com todo o respeito e reverência, temos encontrado profundas semelhanças entre os ensinamentos tibetanos Sákya e as linhagens esotéricas Tendai e Shingon, que o sábio Nichiren (1222-1288) estudou no mahayana japonês.

Isso confirma a unidade, unicidade do caminho búdico. Pequenas diferenças são apenas culturais, de região para região.

A todos, os melhores votos de um Feliz Ano Novo com saúde e prosperidade !

http://sakyakunkhiabcholing.blogspot.com

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Manifesto Ecobudista Brasileiro

Recebemos do praticante e conceituado professor de Budismo, Cláudio Miklos, o textos abaixo que, por sua fundamental importância transcrevemos na íntegra. Concordamos, plenamente com o teor do mesmo.

MAITREYA: MANIFESTO ECOBUDISTA BRASILEIRO POR UM BUDISMO OCIDENTAL

A todos,

Segue a íntegra do documento a favor da prática ecológica budista, elaborado por professores e praticantes budistas e apresentado no Forum Social.

MAITREYA:MANIFESTO ECOBUDISTA BRASILEIRO POR UM BUDISMO OCIDENTAL.Dedicado à memória do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009)Gate, gate, hara gate, haraso gya te bodi sowa ka hannya shingyoIda! Ida! Ida para a outra margem! Ó Iluminação. Salve!...Sutra do Coração da Plena CompreensaoAPRESENTAÇÃONós, ecologistas e budistas brasileiros não-sectários, sob os auspícios da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, AGAPAN, temos a honra de encaminhar ao FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2010 o “MAITREYA: MANIFESTO ECOBUDISTA BRASILEIRO POR UM BUDISMO OCIDENTAL” A finalidade deste documento é estabelecer uma agenda comum para a reflexão, discussão e ação entre budistas, ecologistas e outras pessoas interessadas. Definimos o ecobudismo como o movimento que gravita em torno desta agenda comum. O presente MANIFESTO ECOBUDISTA BRASILEIRO, soma-se a outras manifestações suscitadas pela crise ecológica provenientes do mundo budista, especialmente o documento The Time to act is Now – A Buddhist Declaration on Climate Change, abaixo-assinado, subscrito por lideranças budistas do oriente e do ocidente, encaminhado aos governos que se reuniram em Copenhague (dezembro de 2009) para deliberar sobre o aquecimento global.POR QUE ECOBUDISTA?O termo ECOBUDISTA do MANIFESTO tem como objetivo enfatizar a questão ecológica como um movimento no interior do budismo e propor ao movimento ecológico um espaço e uma atenção para o budismo como paradigma ecológico não-ocidental. Acreditamos que tanto o budismo ocidental, em processo de formação, como o movimento ecológico, atualmente em estado de impasse ou retrocesso, sairão ganhando com esta mutualidade. Nós, budistas brasileiros e ocidentais, sabemos que o budismo é asiático e não contribuiu para a crise ecológica instaurada pela europeização do mundo. O pensamento búdico está nas antípodas do fundamentalismo eurocêntrico suicida que preside nossas atitudes ecocidas e etnocidas diante da natureza e das culturas não-ocidentais. A nossa condição de brasileiros e ocidentais nos coloca o desafio de não participarmos na criação de um budismo ocidental aquém do budismo original, degradado, desvinculado e descomprometido com a nossa realidade, adaptado e integrado aos aspectos predatórios e entrópicos da nossa cultura.Por outro lado, o eurocentrismo que preside os atuais impasses do movimento ecológico e a institucionalização da questão ecológica pelos estados nacionais, sem a consciência das origens culturais e institucionais da crise civilizatória global está dando sinais de esgotamento. Portanto, a proposta do ECOBUDISMO visa construir uma ponte entre budismo e movimento ecológico. Acreditamos que esta conexão pode gerar uma sinergia na qual os dois processos serão intensificados. A ecologização do budismo ocidental pode contribuir para nos tornarmos mais budistas e o budismo pode contribuir para nos tornarmos mais ecológicos.POR QUE MAITREYA? O fenômeno da globalização, nos seus aspectos mais auto-destrutivos e predatórios, deu-se através da europeização do mundo. Atualmente existe um amplo consenso entre budistas e ecologistas sobre o papel decisivo da cultura ocidental na configuração e na universalização da crise ecológica e civilizatória global. Muitos ocidentais, budistas, não-budistas e ecologistas, consideram que o budismo é o paradigma ecológico por excelência. Conseqüentemente, consideramos que o budismo, originário da Ásia, tem a potencialidade de se estabelecer no ocidente dando uma contribuição decisiva para o desenvolvimento de um novo projeto de civilização. Por esta razão escolhemos como símbolo e inspiração do ECOBUDISMO a figura de MAITREYA, o Buda Futuro. A iconografia budista há séculos representa o Buda Maitreya como um homem de olhos azuis, sentado numa cadeira à maneira ocidental. É significativo que ele não esteja sentado na postura de lótus, normalmente identificada com o hinduísmo e o budismo extremo-oriental, e tenha olhos azuis, típicos de um ocidental. As imagens do Buda Maitreya evocam na sua simbologia uma antiga premonição budista sobre o futuro do budismo e o budismo do futuro associados ao mundo ocidental, vale dizer, ao mundo globalizado e ocidentalizado em que vivemos.POR QUE A HOMENAGEM A LÉVI-STRAUSS?Dedicamos o presente MANIFESTO a Claude Lévi-Strauss, célebre antropólogo franco-belga, recentemente falecido, por quatro razões. Lévi-Strauss teve ao longo da sua vida e na sua obra (1) uma profunda ligação com o Brasil; (2) com as culturas indígenas remanescentes existentes em nosso país; (3) com o budismo, pois se considerava, praticamente, budista; (4) com a questão ecológica, vista como processo entrópico da civilização. “Num plano geral, parece-me que o homem só se salvará reencontrando uma modéstia da qual o estudo das mais humildes entre as sociedades humanas pode, enquanto elas existam, ajudá-lo a reencontrar o caminho. Não é só o homem que é respeitável, porém a vida sob todas as suas formas. Tudo aquilo que o homem ganha à custa da vida torna-se uma ameaça para o homem. “ (...) “Acrescentarei ainda isso: no momento em que o homem é respeitável, não é somente o homem civilizado de ontem ou de hoje; é o homem total. De todos os grandes sistemas filosóficos do oriente e do ocidente, um só, parece-me, soube compreender esta necessidade, vital para o homem, de devolver o homem ao seu lugar; é o budismo, em direção ao qual eu afirmaria a minha total simpatia, se este termo, aplicado a uma religião constituída, pudesse ter um sentido na boca daquele que lhe fala. Mas precisamente, nos seus limites, o budismo se aboliu ele mesmo como religião. Eis porque, se eu vivesse numa sociedade que me obrigasse a professar uma religião, não me incomodaria de ser budista.” Lévi-Strauss, em numerosas oportunidades, afirmou a sua admiração sem limites pelo budismo, “a maior crítica do sentido de que a humanidade já se revelou capaz de fazer”, chegando a considerar uma tragédia civilizacional o budismo não ter chegado ao ocidente nos primórdios da nossa história, fato que poderia ter reorientado nossa civilização: (...) “esta lenta osmose com o budismo que ter-nos-ia cristianizado mais e num sentido tanto mais cristão quanto seríamos levados aquém do cristianismo.” Lévi-Strauss foi o antropólogo com a visão mais singular, mais radical e crítica do processo civilizatório como entropia ecológica e cultural. A inércia institucional, a inconsciência e a incapacidade de mudar que caracteriza a civilização atual, na visão do antropólogo, podem ser entendidas como dimensões de irreversibilidade dos processos entrópicos. A ordem interna da civilização produz no meio natural uma desordem maior do que a ordem que ela cria. Esta formulação é mais radical do que a compreensão corrente da questão ecológica. Portanto, por estas razões dedicamos o presente MANIFESTO à memória de Lévi-Strauss.

IA CRISE ECOLÓGICA E A MORTALIDADE DA ESPÉCIEO fato fundamental, ponto de partida das considerações que seguirão, é que a crise ecológica coloca pela primeira vez para nós, ocidentais, a mortalidade da nossa espécie e o iminente colapso da civilização. Entretanto nossa cultura, a tradição ocidental herdada, tem dificuldade em aceitar a morte individual e, decididamente, não contempla a mortalidade da nossa espécie, questão recente, instaurada pela crise ecológica. O termo latino “horror vacui”, o horror do vazio, expressa nosso medo da morte. Já o budismo contempla a possibilidade da destruição completa da vida através do Karma coletivo da humanidade. (Vasubandhu, Abhidharmakosha, capítulo III). Portanto para nós, ecobudistas brasileiros, o atual contexto de crise nos coloca a questão da mortalidade da nossa espécie como o horizonte filosófico-religioso da nossa prática. No horizonte desta caminhada, a busca do entendimento da nossa própria cultura e do ensinamento de Buda são inseparáveis. Esta inseparabilidade é o aqui-agora imediato, local-global em que, como ocidentais, estamos constantemente. O lema do movimento ecológico “PENSAR GLOBALMENTE E AGIR LOCALMENTE” é o aqui-agora que integra e constitui a aqui-agorização do ecobudismo.

IIPÂNICO, ANGÚSTIA, MEDO, EVASÃO E IMPASSEConstatamos a generalização dos sintomas de pânico, angústia, medo, depressão, atitudes de onipotência-impotência-indiferença e mecanismos de fuga, uso de drogas, super-ocupação, consumismo, fanatismo esportivo, cultos religiosos, cultura do corpo, regimes alimentares, diversões, espetáculos, distração na mídia, etc., tudo para evitar pensar e tomar contato com a realidade da morte e da falta de sentido. Constatamos uma inércia individual, coletiva, política e institucional que paralisa atitudes e encaminhamentos realistas e responsáveis diante da crise ecológica e civilizatória. As “soluções” apresentadas, “direitos das gerações futuras”, “desenvolvimento sustentável”, “créditos de carbono”, legislação ambiental, ministérios do meio ambiente, ONGs, discursos de políticos, novas tecnologias, etc., são placebos que tranqüilizam e dão a impressão de que são soluções. No entanto elas iludem e desviam a atenção do principal que é a mortalidade da espécie. As tentativas de entendimento e de equacionamento vigentes na nossa cultura política, o espectro ideológico esquerda-centro-direita, parecem defasadas, deficientes, insuficientes e aquém da própria crise. Por outro lado a complexidade da civilização atingiu tal grau que é uma presunção ingênua qualquer pessoa ou instituição pretender ter a solução dos seus grandes problemas. O impasse de todo este contexto de crise sem precedentes coloca o desafio de nos prepararmos, espiritual e politicamente, para os tempos difíceis, presentes e futuros. Então, o quê nós, budistas brasileiros, podemos fazer? IIINOSSA CONDIÇÃO DE INDIGÊNCIA POLÍTICAOs encaminhamentos recentes, dados pelos poderes deste mundo à problemática do aquecimento global, evidenciam que a humanidade está na mais total indigência política. Neste sentido o fracasso dos governos no espetáculo midiático de Copenhague é emblemático e exemplar. Trata-se do último elo de uma corrente de fracassos governamentais que se inicia na primeira Conferência Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, organizada pela ONU e realizada em Estocolmo em 1972, passa pela ECO-92, pelo Protocolo de Kyoto e outras numerosas iniciativas abortadas por décadas de inércia governamental. A crise financeira internacional é o exemplo mais recente do impasse civilizatório e do estado de indigência política em que nos encontramos. Em poucos meses governos nacionais com posições políticas divergentes não hesitaram em investir cerca de 15 trilhões de dólares no sistema financeiro internacional, visando evitar o colapso econômico. O fato é que especialistas estimam que políticas públicas conseqüentes em relação ao aquecimento global estariam na ordem de 100 bilhões de dólares por ano. Quantias desta ordem foram cogitadas em Copenhague. No entanto, contrastando com os meses que os governos levaram para chegar ao consenso quanto à necessidade deste investimento trilionário, quatro décadas de reconhecimento oficial da crise ecológica foram insuficientes para se chegar a um consenso mínimo em Copenhague sobre um problema infinitamente maior e mais grave. O fato mais espantoso é que atualmente existem numerosas alternativas políticas e tecnológicas para enfrentar o aquecimento global e os demais problemas ecológicos. No entanto estas alternativas não são levadas em conta. Nunca existem recursos públicos para a sua implementação. Vivemos o paradoxo de uma imensa riqueza de meios a serviço de uma indigência de fins.Diante desta realidade uma agenda ecobudista impõe numerosas perguntas: O quê nós, ecobudistas, podemos fazer? Como o ensinamento de Buda pode nos ajudar a entender esta realidade? O lema do movimento ecológico “PENSAR GLOBALMENTE E AGIR LOCALMENTE” pode balizar nossa prática? Qual é e qual deve ser o papel dos governos nesta conjuntura? Quais são os fatores que atualmente estão impedindo a implementação de políticas públicas e de iniciativas civis que respondam ao desafio sem precedentes com o qual nos defrontamos? Qual é o papel do ESTADO na atual conjuntura de crise multidimencional de uma civilização complexa, interdependente e global? Quais as origens da crise ecológica e o que a constituem e mantêm como crise? Estas e muitas outras perguntas devem ser feitas com insistência, mesmo que fiquem sem resposta por muito tempo. As respostas a estas perguntas não são simples e nem fáceis. É neste contexto de crise e de indigência política que estamos encaminhando ao FÓRUM SOCIAL MUNDIAL o presente MANIFESTO ECOBUDISTA BRASILEIRO POR UM BUDISMO OCIDENTAL: MAITREYA, trazendo uma contribuição para a tarefa coletiva de ajudar budistas e não-budistas a pensá-las.IVPATOLOGIA E AMBIGÜIDADE: GLOBALIZAÇÃO X PLANETARIAZAÇÃO“Vocês sabem que as árvores falam? Bem, elas falam. Falam entre si e falam para você se você escutar. O problema é que os brancos não escutam. Eles nunca escutaram os índios, logo suponho que não escutem outras vozes da natureza.” (Tatanga Mani, 1871-1967)Há séculos, não-ocidentais observam a nossa concepção de separação da natureza e nossa crença na superioridade da nossa cultura como uma doença e como uma forma de arrogância. A normalidade do nosso cotidiano, regida pela separatividade da nossa cultura eurocêntrica e antropocêntrica é vista como uma patologia. Atualmente esta concepção é insustentável e perversa para um número crescente de pessoas. A crise ecológica indica que podemos estar no limiar de uma transição sem precedentes na história humana. Ou não. Temos indícios de que já podemos estar no início de um renascimento cultural planetário, capaz de mobilizar todas as nossas energias criadoras. Mas ainda são indícios. Estamos diante do desafio de uma transição crítica da globalização para planetarização. Mas não sabemos se esta transição vai se dar. Vivemos um processo de globalização predatória ecocida, etnocida e suicida que tem suas origens na cultura ocidental. Esta globalização é um desequilíbrio entrópico que destrói a biodiversidade e a diversidade cultural através da concentração crescente do poder político e econômico. A planetarização se orienta para a conservação da biodiversidade e da diversidade cultural, a autonomia e a auto-suficiência, a descentralização do poder, a minimização da entropia.
V
CRISE ECOLÓGICA: UMA DESCOBERTA RECENTÍSSIMA DO OCIDENTE“Os índios americanos vêm tentando explicar isso aos europeus há séculos. Mas, como eu já disse antes, eles se mostraram incapazes de ouvir. A ordem natural vencerá e os ofensores morrerão do mesmo modo que os servos morrem quando ferem a harmonia superpovoando uma dada região. É apenas uma questão de tempo até que o que os europeus denominam ‘uma catástrofe de proporções globais’ ocorra.” (Russel Means, índio Lakota)O ecologista José Lutzenberger, fundador da AGAPAN, considerava que a crise ecológica começou há milênios, nos impérios da antiguidade, com seus grandes sistemas de irrigação e a produção de um excedente agrícola. A crise civilizatória tem sido uma temática constante na tradição ocidental, deste os tempos de Platão, no século IV antes de Cristo, até nossos dias. Nos séculos XIX e XX, os maiores pensadores ocidentais se ocuparam da crise da cultura ocidental-européia (Marx, Nietzsche, Husserl, Spengler, Freud, Toynbee, Heidegger, Valéry, Mumford, Sartre, Jaspers, Sorokin, Schweitzer e numerosos outros). Mas seus pressupostos culturais partiam da separação entre humanidade e natureza, a crise ecológica da civilização, na s concepção antropocêntrica de crise, sem perceber que a própria separação pressuposta era constitutiva da crise. A questão ecológica começou a ser objeto de questionamento, estudo e reflexão no ocidente somente a partir da segunda metade do século XX. A publicação da obra Os Limites do Crescimento (1972) teve um impacto mundial: pela primeira vez foi colocado cientificamente o dilema da inviabilidade do crescimento econômico ilimitado e da explosão demográfica em um planeta de dimensões finitas como é a Terra. Foi um marco. A Era Espacial inaugurou a observação da Terra a partir de imagens fornecidas por satélites artificiais, contribuindo para a formação da consciência ecológica. VIA TERRA AINDA É CHATA“A Terra é azul.” (Yúri Gagarin, russo, primeiro astronauta a ver a Terra do espaço).“Estou firmemente convencido de que foi criada uma consciência cósmica. Pelo menos na América se deu o caso que as fotos que os astronautas trouxeram da Lua causaram uma tremenda impressão nos ecólogos daqui. Por quê? Elas nos mostraram pela primeira vez um quadro da nossa minúscula Terra com suas limitadas fontes de matéria-prima, sua tênue capa atmosférica e sua vulnerabilidade a abusos. O homem pode ver aí a nave espacial Terra com suas população de três e meio milhões de astronautas e um sistema de suporte de vida muito fácil de envenenar. Tudo aquilo que os ecólogos vinham pregando há anos ficou subitamente bem aparente.” (Werner Von Braun, chefe da NASA, começo da Era Espacial).Portanto, consciência ecológica é um acontecimento recentíssimo na história intelectual da nossa cultura. Apesar da Era Espacial, a ordem social da nossa civilização, nossas instituições, nossas crenças e a nossa concepção de política são tributárias de uma época em que ainda se acreditava que a Terra era chata. Nosso projeto de civilização, baseado na separação entre humanidade e natureza, evidencia uma deficiência, estreiteza, unilateralidade e carência nos próprios fundamentos da tradição ocidental herdada. Entretanto, mesmo atualmente, já no início do século XXI, ainda são poucas as lideranças políticas, econômicas e intelectuais que tem uma compreensão da gravidade e do caráter sem precedentes da crise ecológica, sobretudo no que diz respeito às suas origens nos nossos fundamentos culturais e nas nossas instituições. A inconsciência dos fundamentos eurocêntricos da crise ecológica determina o seu diagnóstico equivocado, superficial e periférico. Até hoje nossos maiores artistas e intelectuais, nossa comunidade científica, nossos tecnólogos, nossas lideranças políticas e empresariais equacionam a crise ecológica a partir dos efeitos e não das causas. Conseqüentemente, consideramos que a crise ecológica não pode ser entendida nem diagnosticada no interior do paradigma eurocêntrico-antropocêntrico, causador da própria crise.VIIOS LIMITES EUROCÊNTRICOS DO MOVIMENTO ECOLÓGICO“É estranho, mas ao tentar encontrar soluções para os problemas dos índios, as autoridades consultaram todas as pessoas, menos os índios. Muitos de nós poderíamos oferecer bons conselhos nesta questão.” (Tatanga Mani, 1871-1967) A visão da problemática ecológica, os objetivos, métodos, a caminhada e a institucionalização da problemática trazida pelo movimento ecológico apresentam sinais de esgotamento que configuram uma inércia e um impasse a ser avaliado. A concepção eurocêntrica que preside a questão ambiental corresponde à crítica de Tatanga Mani: “Talvez não tenha ocorrido a muitos brancos que as pessoas vermelhas, pretas e amarelas podem ter boas idéias sobre como satisfazer as necessidades do mundo.” A institucionalização da questão ambiental tal como se dá atualmente em todo o mundo, engessa, limita, exclui e não resolve os problemas ecológicos. Onde estão as culturas não-ocidentais e as culturas tradicionais? Consideramos que a cultura ocidental gerou uma problemática ecológica que exige mudanças radicais no âmbito das instituições e sem precedentes na história. Não há possibilidade de superação dos impasses de um novo projeto de civilização - e é disto que se trata – sem que as próprias instituições sejam repensadas como fatores entrópicos e inerciais constitutivos da crise ecológica. Nossa cultura política ainda é muito primitiva. A questão social tem bem pouco tempo era vista não como um problema político, mas como uma questão de polícia. Temos que deslocar a visão da ciência experimental da natureza para o campo das instituições e encará-las como experimentos sociais falíveis e provisórios, geradores de novos conhecimentos. A crise ecológica e civilizatória e as mudanças necessárias para a sustentabilidade são tão incríveis que, nas palavras de René Dubos, poderiam até causar pânico. Mas esta mutação está a exigir a redefinição do papel do Estado no monitoramento das mudanças, pois a complexidade da civilização não pode dispensar esta instituição. Nossa cultura confunde valor com preço. Conseqüentemente, a comercialização de créditos de carbono e a monetarização da questão ambiental parece ser a continuação do enfoque mercantilista da natureza, causa da própria crise ecológica. ETC.ETC.ETC.
VIII
A “ENTROPIOLOGIA” E A COMUNIDADE CIENTÍFICANo livro Triste Trópicos, Lévi-Strauss propôs a criação de uma nova ciência, que ele considerava muito mais importante e urgente do que a sua especialidade científica: a “entropiologia”. Esta ciência teria como objeto o estudo dos processos de degradação irreversível da ordem e da complexidade biológica e cultural que constituem o processo de desenvolvimento da civilização. Sintomaticamente, até hoje a comunidade científica não levou a sério a proposta de criação da “entropiologia”, deixando de desenvolver uma ciência que, mais do que qualquer outra, poderia nos apontar saídas para a crise em que nos encontramos. Portanto, dirigimos à comunidade científica o apelo para que a “entropiologia”, por ele sugerida, seja levada seriamente em consideração de maneira a se constituir como uma nova ciência. Na perspectiva ecológica de um novo projeto de civilização, diante das limitações dos à priori ideológicos e seus compromissos com a ordem social antropocêntrica e eurocêntrica, a entropiologia como conhecimento de diferentes formas de redução da entropia pode vir a proporcionar critérios fundamentais e objetivos para a avaliação e desenho de novas instituições. O budismo tem uma concepção do que é condicionado e convencional de uma grande riqueza e importância para a compreensão da interdependência, da não-separatividade e da entropia. É necessário reunir budistas, ecologistas e pessoas interessadas na relação budismo-movimento ecológico e o que se poderia denominar de “institucionalismo experimental”.

O MELHOR LUGAR DO MUNDO É AQUI E AGORA“Mas por que no nosso céu não existem animais?” (Albert Schweitzer, prêmio Nobel da Paz em 1954, organista, teólogo, médico e filantropo).Nós, budistas brasileiros e ocidentais, demos um passo, rompendo o círculo vicioso do eurocentrismo, ao descobrir nos fundamentos do budismo um outro sentido para a condição humana neste planeta. O ensinamento fundamental de Buda é a não-dualidade e a inseparabilidade homem-natureza. O budismo é precioso para nós porque desconhece e não reconhece a separação entre religiosidade e cientificidade que dilacerou o ocidente, “Acreditar que um Deus nos criou: eis o que nos tornou loucos”, afirmou Alan Watts. “Não é o budismo que deve prestar contas à ciência, mas é a ciência que deve prestar contas ao budismo”, escreveu Carlo Formichi. A vida na Terra está sendo destruída com um dilúvio de justificativas, explicações e informações. Mas nenhuma explicação é possível e necessária para o fato de estarmos vivos. A suprema dignidade da vida é perdida quando se atribui um fundamento e uma finalidade à condição humana. O budismo afirma a raridade e o privilégio de sermos humanos no interior de uma incomensurável multidão de outras formas de vida. O simples fato bruto da nossa existência já é uma condição de plenitude e de dignidade que não pode ser degradada com explicações. Descobrimos que não somos separados da natureza, de outras culturas, da nossa própria cultura e nem de nós mesmos. Começamos a entender que um outro mundo não apenas é possível, mas a condição indispensável para a sobrevivência da humanidade e de tudo o que a civilização produziu de melhor e de mais dignificante para a condição humana. AGENDAEste Manifesto tem como objetivo ser um momento inaugural de um MOVIMENTO muito mais amplo, em que através de encontros e seminários, sigamos rumo à construção de um pensamento-ação ecobudista. Como sugestão para iniciarmos esta caminhada conjunta, levantamos alguns temas para a organização de uma AGENDA ECOBUDISTA que terá início neste ano, e que esperamos possa inspirar todas as comunidades budistas a contribuírem com reflexões e ações para cuidar de nosso planeta e beneficiar a todos os seres.ESPIRITUALIDADE BUDISTA E CRISE – EDUCAÇÃO ECOBUDISTA – TECNOLOGIAS INTELIGENTES – RETIRADA ESTRATÉGICA: CUIDANDO DO PLANETA – AUTOCRÍTICA DO BUDISMO: POR UM BUDISMO BRASILEIRO - BUDISMO E ECUMENISMO – PÂNICO E DEPRESSÃO – ENTROPIA E ENTROPIOLOGIA – ETC.


Celso Marques Hen-Sho, Ex-Presidente e atual Conselheiro da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, AGAPAN, membro da comunidade Budista Soto Zen Shu, São Paulo, Brasil.

Joaquim Monteiro, Monge Shaku Shoshin-Jodo Shinshu Honpa Honganji.

Ana Luiza Costa Muso, Discípula do Mestre Zen Daigyo Moriyama, Abade do Zuigakuin International Zen Center, Japão.



APOIAM ESTE DOCUMENTO:

Eduardo Finardi, Presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, AGAPAN.

Chagdud Khadro e Jigme Rinpoche, Chagdud Gonpa.

Lama Padma Samten, Centro de Estudos Budistas Bodisatva - CEBB.

Tam Huyen Van (Cláudio Miklos) - Praticante budista leigo, escola zen vietnamita InterSer (Tiep Hien) - Presidente do Colegiado Buddhista Brasileiro.

Rev. Prof. Dr. Ricardo Mário Gonçalves (Shaku Riman), Historiador, Missionário da Ordem Otani de Budismo Shin.

Monja Isshin Havens - Sanga Águas da Compaixão (Jisui Zendo, Comunidade Zendo Sul).

Enio Burgos, médico, escritor, discípulo de Thich Nhat Hanh e SS o Dalai Lama, Presidente da Associação Meditar e Editora Bodigaya.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Doutrina Budista

Toda terça-feira, das 18:30 às 19:30, na ABPY - Associação Brasileira de Profissionais de Yoga, Rua Gonzaga da Gama, 40 - Tijuca, RJ.

Estudo e prática da Doutrina: leitura das Escrituras Budistas, meditação, recitação de preces, orações e visualizações.

Mantra de Yakushi Nyorai - o Buda dos Remédios na tradição mahayana do Sutra Lótus.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Lensei na PL

Lensei na PL

Lensei é o retiro da PL – Perfeita Liberdade. Ao pé da letra, Lensei quer dizer “aprimoramento espiritual”.

Participamos do “Lensei de Abertura da Sorte 2010”, que se realiza no mês de janeiro de cada ano. Tivemos a alegria de estar no último fim de semana em Arujá, SP, no Seiti, isto é, Terra Sagrada da PL no Brasil.

Exatos 1000 (mil) participantes de diversos estados brasileiros, e mais caravanas da Argentina, Paraguai, Portugal, Espanha, Áustria e Japão. Sem contar o pessoal de apoio na recepção, atendimento, cozinha, administração etc, portanto, mais de mil pessoas.

A ênfase do ano é a prática dos ensinamentos.

Nos fez lembrar do Buda que, antes de desencarnar, recomendou aos discípulos que praticassem o Darma, isto é, os ensinamentos.

Lembramos também dos kardecistas que enfatizam tanto o estudo da Doutrina Espírita.

Ou seja, iluminação é praticar, seguir, estudar, realizar, concretizar os ensinamentos.

www.aberturadasorte.blogspot.com