terça-feira, 31 de março de 2009

Sentimento de Principiante*

“Arigatougozaimassu.

Este ano, 2009, é o primeiro ano pós-centenário. Com certeza, estamos em uma nova fase da HBS do Brasil. Herdamos 11 templos e principalmente os Ensinamentos do Caminho Primordial, tudo isso graças ao fundador Igaragui Nissui, sacerdotes e fiéis pioneiros que se empenharam de forma sobre-humana na expansão.

E também, não podemos jamais de considerar o grande apoio e dedicação de todos os sacerdotes missionários e pessoas que deram continuidade fielmente aos ensinamentos recebidos. Se não fosse tudo isso, certamente nós não estaríamos aqui nessas condições. Somos privilegiados !

Agora, para demonstrarmos a gratidão e perpetuarmos o Darma Sagrado para as próximas gerações, pelo menos, precisamos imaginar as adversidades vivenciadas pelos nossos desbravadores e agirmos de corpo e alma para que mais e mais possam receber a semeação da plena felicidade.

Essa tarefa. Com certeza. Não será fácil. Contudo, como salienta o 24º Sumo Pontífice Nitijyou Koyama, nas suas palavras do Ano Novo de 2009, retornem ao sentimento de principiante, ou seja, vamos todos resgatar a alegria de poder praticar a fé, respeitar o próximo e com determinação e perseverança esforçar na prática de Bossatsu (Bodisatva). Pois, agindo assim, estaremos exercendo o caminho de Bossatsu na sua plenitude, e além disso, seguramente estaremos contribuindo, pelo menos um pouquinho, nessa nobre missão de expandir o Namumyouhourenguekyou para o Brasil e para o mundo.

Arigatougozaimashita

Arcebispo da HBS do Brasil
Hoomei Saito”


- o texto acima está nas páginas 5 e 6 da Revista Budista Lótus, nº 105, ano 9.
Uma boa notícia nessa edição é a seguinte: “No dia 29/11/2008, o Departamento Filantrópico do Templo Nyorenji e o grupo de jovens organizou um mutirão, lotou uma camionete e foram levar pessoalmente aos desabrigados da enchente em Itajaí/SC. A tragédia já estava consumada quando os mantimentos foram entregues, mas o que não faltou foi solidariedade. Os alimentos foram entregues direto nas casas junto com a Água Sagrada. Já as roupas foram levadas ao ginásio central da cidade.

- Água Sagrada é a água fluidificada das HBS. As garrafas de água são colocadas nos altares (gohouzen) durante os cultos.

(*) É um dos ensinamentos mais bonitos da HBS, vejamos o texto de um folheto oficial que fala sobre o tema: “Mesmo obtendo sucesso não se esqueça do sentimento de principiante. Ser principiante não representa humilhação. A experiência muitas vezes nos torna um ser humano arrogante. Então como não se tornar arrogante mesmo após ter adquirido experiência? Basta apenas apreciar a fé que o moveu quando principiante. Honrando e louvando essa fé, obterá prosperidade sólida.”

domingo, 29 de março de 2009

O Budismo e a Revolução Chinesa

Os trechos abaixo são do livro Alternativas Socialistas – Religiões e Socialismo, editora Arcádia, Lisboa, 1975. O autor é o conhecido escritor e filósofo Roger Garaudy, professor da Universidade de Sorbone, nesta época, ele era membro do Comitê Central do Partido Comunista Francês:

“Quando o Partido Comunista Chinês começou a sua luta pelo socialismo, e depois pela construção do socialismo, teve que agir num povo imenso formado pela cultura e tradições do budismo, implantado na China há mais de milênio e meio.

“Desde 1930, desenvolveu-se um verdadeiro sincretismo budista-marxista em vários países asiáticos.

“Quando se andava no caminho da virtude, o mundo era uma comunidade. As pessoas detestavam o desperdício dos bens, mas nem por isso os açambarcavam. Gostavam de trabalhar com todas as suas forças, mas nem por isso procuravam um lucro privado. (Li-Chi, Livro dos Ritos).

“Mão Tsé-Tung, filho de uma budista piedosa, sublinhou por várias vezes que a missão histórica do comunismo chinês era realizar as velhas utopias que, de século em século, haviam sublevado os camponeses chineses.

“Socialismo búdico. Na tradição búdica de condenação das riquezas e de compaixão por toda criatura viva, fundar-se-ão os movimentos igualitários, acentuando os aspectos messiânicos do budismo, particularmente o Mi-lo-fu, cujo advento deve abrir uma era de justiça e de plenitude humana.

“Esta rica tradição igualitária e utópica (...) paralelamente as revoltas dos rurais chineses apelam para o messianismo budista (...) particularmente o Reino Celeste da Grande Harmonia.

“De modo geral, até à revolução cultural, a política do Partido Comunista Chinês consistiu em proteger o budismo, favorecendo a mutação que nele se operava.

“(...) a revolução chinesa, desde o seu programa de 29 de setembro de 1949, garantia, pelo seu artigo 5, a liberdade de crença religiosa. Durante a reforma agrária de 1950, foi proibido danificar mosteiros. Foram dadas diretivas para a proteção dos edifícios e das obras de arte, que eram os testemunhos de uma grande tradição cultural chinesa.

“Em 1957, o chefe da delegação budista japonesa fazia esta declaração comedida: O budismo está vivo na China... Ao contrário das autoridades soviéticas que tem por política suprimir a religião, o governo chinês... reconstruiu os templos... Sem dúvida que os comunistas não reconheciam a necessidade de religião. O fato de protegerem o budismo não significa que encoragem o culto budista. O regime esforça-se apenas por preservar os tesouros da cultura nacional. Todavia, preservando-os, em vez de os ignorar, a fé permanece viva.

“o Estado subvencionou a restauração, entre 1951 e 1958 de uma centena de mosteiros e pagodes (...) a partir de 1961, o seminário budista de Pequim, aberto em 1956, desenvolveu novas direções com cursos fundamentais sobre a doutrina, a história e a arte budistas.

“O número de monges e de religiosas budistas, que era cerca de 500 mil, em 1950, continuou com o mesmo número em 1958, e a baixa que se manifestou a partir de então, não poderá ser atribuída a uma perseguição. Em França o número de vocações religiosas diminuiu vertiginosamente e seria difícil atribuir esse fenômeno a uma pressão governamental.

“A Revolução Chinesa ajudou o budismo a efetuar a mudança que ele procurava as cegas, desde o início do século XX: conservar as suas virtudes de desprendimento adquirindo as virtudes de enraizamento no trabalho e no esforço de transformação do mundo.

“o budismo, com todas as grandes tradições da cultura chinesa permitiu ao marxismo efetuar uma escolha radicalmente distinta das sociedades ocidentais”.

(páginas 83 a 96 do citado livro).

sábado, 28 de março de 2009

Caridade = Darma

No tempo de Tetsugen, os livros sagrados do Budismo, na China, não tinham sido transcritos em japonês. Tetsugen pensou que eles poderiam ser feitos pelos próprios camponeses e planejou fazer milhares de cópias, gravadas à mão, em madeira. Para isso, ele foi de cidade em cidade, recolhendo donativos para que este imenso trabalho fosse posto em prática. Depois de dez anos, ele obteve o dinheiro necessário e começou a entalhar os blocos de madeira.

Mas, exatamente nesta ocasião, o rio Uji transbordou e houve muita fome na região. Tetsugen pegou o dinheiro que havia conseguido e comprou arroz para o povo faminto.

Superada a crise, começou novamente a juntar recursos para sua obra. Ele recebia doações pequenas e quantias em moedas de ouro, igualmente agradecido. Passados alguns anos, ele tinha o dinheiro todo de volta e recomeçou o trabalho. Então, uma epidemia assolou a região e milhares de famílias ficaram na miséria, precisando de ajuda.

Tetsugen, uma vez mais, gastou todo o seu dinheiro, ajudando os desamparados. E quando tudo isso terminou, começou a juntá-lo de novo !

Finalmente, o grande projeto foi realizado e Tetsugen morreu contente. A edição dos livros sagrados, feita por Tetsugen em japonês, ainda pode ser vista. Mas aqueles que a conhecem dizem sempre que as duas primeiras edições, as que jamais foram vistas, superam de longe a terceira.

(o texto acima está nas páginas 18 e 19 do livro Zen – Estórias e Koans, editora Numen, 1991. A tradução, prefácio e notas ficaram a cargo da professora e mestra em Literatura Maria da Conceição Couto Netto.

- Lembremos que o Buda ensinou a “primeira perfeição”, dana em língua páli, podemos traduzir como caridade, generosidade, compaixão. Ou seja, o caminho da iluminação, o caminho para o Nirvana ou Nibbana, passa pela caridade, pelo amor incondicional.

domingo, 15 de março de 2009

Economia Budista

O título acima é um dos capítulos do livro O Negócio É Ser Pequeno, obra que tem como subtítulo: “Um estudo de Economia que leva em conta as pessoas”. Publicado em 1979 pela Zahar Editores, 262 páginas com importantes reflexões sobre o tema.

O autor, E.F. Schumacher (1911-1977), era um especialista em combustíveis e consagrado economista inglês. Foi o presidente da Junta Nacional do Carvão da Grã-Bretanha, de 1950 a 1970.

Nos anos 1970 este livro foi muito famoso e teve várias edições em diversos países. Era mais lido e divulgado no âmbito dos que, na época, falavam de uma sociedade alternativa. Parece que os economistas tradicionais não lhe deram muito crédito.

Tendo em vista a crise atual, quem sabe não está na hora de relermos e refletirmos sobre o seu pensamento?

Informam os editores que “centenas de milhares de exemplares” foram editados em diversos países, na ocasião do lançamento.

“A tese defendida neste Estudo De Economia Que Leva Em Conta As Pessoas, torna evidente a trágica verdade de que a humanidade está sendo desvirtuada pelo culto obsessivo do crescimento econômico ilimitado. As dificuldades e perigos com que hoje nos defrontamos não resultam de nossos fracassos mas, pelo contrário, dos nossos êxitos. Uma seqüência contínua de êxitos na mesma direção intensificou os nossos problemas. O que está sendo contestado não é a nossa competência quanto aos meios empregados mas o nosso realismo e sabedoria quanto aos fins”.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Yoga da Caridade

Karma Yoga = Yoga da Caridade, Yoga da Compaixão

Li no Jornal do Brasil (03/02/08), sobre uma nova modalidade; a Yoga Hope, criada em 2006, nos EUA, e que se dedica, entre outras coisas à assistência social: “para mulheres sem-teto, vítimas de violência doméstica ou em tratamento de dependência química”. Além disso, redes de apoio estão se formando em vários pontos daquele país, no sentido de um trabalho social visando os que mais precisam: “esse caráter social, está se tornando uma característica do ioga americano”.

Na verdade, a idéia não é tão nova assim, trata-se da milenar Karma Yoga. A própria autora da matéria, publicada originalmente no The New York Times, esclarece no fim do artigo: “Há quem diga que levar a ioga aos mais necessitados tem a ver com a antiga prática do karma ioga, ou ioga voltado para a população carente”.

No Brasil, há um ótimo livro sobre o assunto, autoria do grande Swami Vivekananda, Karma Yoga, obra que tem como subtítulo “A educação da vontade”, editora pensamento, 2005, 116 páginas. Em 1893, Vivekananda divulgou em Chicago, em um famoso Parlamento das Religiões, os princípios de diversas correntes do Yoga e filosofias da Índia.

Popularmente conhecida como yoga da ação, Karma Yoga é uma forma atuante e dinâmica de levar aos que sofrem o lenitivo espiritual e material. Os dois estão juntos, completam-se, priorizar só um e esquecer o outro não é recomendável, pois yoga = união é ter consciência de que o micro e o macrocosmo formam um todo. E há muitas formas de se exercer a caridade, a generosidade. Observe os seus talentos, a sua criatividade e então aja, se exercite, para o bom proveito dos demais e também o seu, pois tudo está interligado.

Buda, que Vivekananda cita várias vezes, afirmava que a generosidade, a caridade é a primeira perfeição. Ou seja, se queremos ir para o Nirvana, é de bom tom, iniciarmos logo a prática consciente, em plena atenção, de atividades voltadas para o social. Caridade, generosidade, também é compaixão.

Algumas pessoas não gostam da palavra “carma”, pensam que é uma palavra negativa, devido ao seu uso popularizado no Brasil. Tal como Buda, Vivekananda esclarece que a palavra carma quer dizer “ação”, logo tudo é ação, mesmo a inação é uma forma de ação, a omissão é outra forma de ação e a total ausência de ação, ainda assim, é uma ação. Ou seja, estamos sempre, por mais ínfima que seja, realizando uma ação e a ação se realiza através da palavra, da atitude (o ato de agir) e do pensamento. Então, estamos continuamente provocando/concretizando/realizando carma. Se for positivo, construtivo será um carma positivo, caso contrário teremos o carma negativo.

O carma não é algo inventado pelo ser humano, trata-se, na realidade, de uma das leis que regem a vida, o universo. Também conhecida como “Lei do Retorno” , “Lei de Causa e Efeito” ou “Lei de Ação e Reação”. É um desdobramento da Lei de Gravidade, que Vivekananda também cita, tudo volta, tudo retorna à Mãe Terra: mudado, transformado, de forma boa ou ruim, mas volta.

Alguns também invocam a Lei da Física: “toda ação corresponde a uma reação”, logo... que nossas ações sejam sempre boas, construtivas, elevadas, para cima, alto astral. Caso contrário, o retorno será desagradável, quer no aspecto físico, mental, espiritual, material, psicológico, econômico, social, afetivo etc... tanto no plano individual quanto no coletivo.

domingo, 8 de março de 2009

Buda é Pai

“Eu sou um brâmane, ó monges, a quem se pode pedir um favor. Tenho sempre as mãos puras, trago meu último corpo, eu sou o incomparável médico e cirurgião. Vós sois meus verdadeiros filhos, nascidos de minha boca, nascidos do dhamma, formados pelo dhamma, herdeiros do dhamma, (...)".

- Itivutakka, p.101, (conforme O Pensamento Vivo de Buda, de Ananda K. Coomaraswamy, editora Martins, 1965, página 22).

- Itivutakka é um trecho do Cânon Páli, considerado dos mais antigos textos canônicos. Coincidentemente, o Sutra Lótus, texto sagrado do Cânon Mahayana (escrituras recentes) também diz o mesmo. Estudiosos afirmam que o Sutra Lótus foi o último ensinamento do Buda.

- dhamma em língua páli, darma em sânscrito, podemos traduzir por Caminho.

Observe a primeira linha do citado trecho. “... a quem se pode pedir um favor.”, logo... você pode e deve pedir, através de preces, orações e meditações, ao Buda, algo para a sua existência ser melhor neste planeta, e Ele lhe fará este favor, visto que somos filhos e herdeiros Dele e do Caminho. O atendimento será mediante o merecimento de cada um e o tempo do Buda, que pode ser diferente do nosso tempo.

Veja a segunda linha “incomparável médico e cirurgião”. Coincide com a tradição Mahayana do Buda da Medicina, Buda da Saúde, Bodhisatva Salvador, Rei dos Remédios etc.

As duas últimas linhas do parágrafo em questão encontram-se no Sutra Lótus. Se “nascemos” de Sua “boca” é porque fomos gerados por Ele coincidindo então com a interpretação HBS-Rio = Herdeiros do Buda Sakyamuni na Cidade Maravilhosa. Em termos budológicos, ou seja, em termos de teologia búdica, Cidade Maravilhosa é a “Terra Pura do Buda” citada e situada no Sutra Lótus. Neste sentido, Sutra Lótus é um sinônimo para Universo.

Fomos gerados por Ele, tem a ver com Geração de Energia. Somos átomos desta energia.

domingo, 1 de março de 2009

Dia da Paz !

Todo dia 1º de cada mês, na PL – Instituição Religiosa Perfect Liberty, é o dia dedicado à Paz, deste modo, em todas as igrejas, no mundo inteiro, os peelistas, como são chamados os praticantes, participam de uma bonita “Cerimônia do Dia da Paz”.

Pensando bem, a Paz, é algo fundamental em nossas vidas. Não apenas a paz mundial, mas a paz interior, a paz conjugal, a paz afetiva, a paz financeira, a paz política, a paz econômica, a paz trabalhista, a paz profissional, a paz social, a paz em nossa casa, a paz em nosso bairro, a paz em nosso estado, a paz em nosso município, a paz em nosso país etc.

A amplitude e o alcance desta Paz tem um significado muito profundo. E por isso, os peelistas fazem orações no dia primeiro de cada mês, dedicadas à paz no mundo.

O 14º Preceito da PL afirma: “Tudo é e existe para a Paz Mundial”. E completamos, desde as nossas células até a harmonia do cosmos, tudo é e existe para a Paz. Entretanto, como nós, seres humanos, temos a tendência de nos esquecer desta boa recomendação, fica aí o recado, para, pelo menos, no dia primeiro de cada mês, reverenciarmos e divulgarmos a Paz Mundial, sob o risco de desaparecermos enquanto espécie humana, mediante tantas guerras e conflitos.

Vamos então, todos, irmanados, quer sejamos peelistas ou não, no dia primeiro de cada mês, fazermos as nossas preces pela Paz. Mas, sobretudo, vamos colocar em prática este importante preceito.

Feliz Dia da Paz para todos !